O mercado de tecnologia ainda se mantém aquecido para os próximos anos, mesmo com a recente mudança no cenário de investimento. Nele é possível notar a transição para um modelo mais maduro de rentabilidade, não apenas focado em crescimento, o que muitas vezes pode resultar em layoffs de várias companhias. Apesar da grande quantidade de vagas em aberto, faltam pessoas para atuar no setor, mesmo com o trabalho remoto – que trouxe diversas oportunidades para empresas e especialistas em TI.
Estima-se que, até 2025, o déficit de profissionais chegue a 800 mil no Brasil, de acordo com estudos da Brasscom – Associação das Empresas de Tecnologia da Informação, Comunicação e de Tecnologias Digitais. Para incentivar a contratação de novos profissionais, algumas companhias promovem programas de formação para a área – um cenário que também pode ser traduzido em oportunidade para mulheres. De acordo com a Revelo, principal plataforma de recrutamento de profissionais desenvolvedores da América Latina, que atua tanto no intermédio de vagas nacionais e internacionais, mesmo com o aumento de 44% de vagas para elas, o público feminino ainda representa 12,6% dos profissionais de tecnologia.
Com um olhar cada vez mais atento para esse perfil, o Pravaler, importante programa de soluções para o ecossistema de educação no Brasil, fez uma parceria com a Laboratoria, organização que impulsiona mulheres que sonham com um futuro melhor a construírem uma carreira transformadora em tecnologia, para um programa de capacitação. A iniciativa visa contribuir com a inserção delas na área, tanto para aquelas que estão no início da vida profissional, quanto para as que pretendem fazer uma transição de carreira. “Posso dizer que depois de cursar administração, empreender e pausar a carreira por conta da maternidade, me encontrei profissionalmente no Pravaler”, conta Thais Bonalume, que trabalha com avaliações digitais.
Esse também é o caso de Camila Aguiar que, ao longo de oito anos, lidou, diariamente, com a área da saúde e, por ser formada em fisioterapia, atuou na linha de frente no combate à Covid-19. Em 2022 ela participou do programa e, após se especializar em desenvolvimento de software em Front End, foi contratada pela empresa, onde atualmente trabalha como desenvolvedora de software. “Mesmo tendo familiaridade com o computador desde muito nova, eu achava que não era capaz de trabalhar com isso, pelo fato de envolver lógica e exatas”, conta ela, que, a cada dia, se encanta mais com a profissão.
“Quanto maior for a diversidade dentro do núcleo de tecnologia de uma empresa, maiores serão as chances de a produção ser ainda mais inovadora, possibilitando entregas assertivas. A parceria com a Laboratoria nos proporciona isso, além, é claro, da possibilidade de encontrarmos novos talentos”, comenta Marcelo Malcher, CTO do Pravaler, que teve no ano anterior os cursos de Análise de Sistemas e Ciências da Computação entre os 20 com maior número de ingressantes, tanto pelo financiamento como pelo marketplace de bolsas de estudos.
“Um dos atrativos para a mudança de carreira, além da quantidade de vagas nacionais e internacionais abertas, é que o setor de tecnologia tem um cenário de progressão de carreira muito favorável. O salário inicial de uma pessoa Desenvolvedora já está acima da média nacional, sendo em torno de R$ 5.500. Conquistando experiência e qualificando-se, em pouco tempo é possível atingir um nível pleno, que oferece vagas em torno de R$ 9.000, e para profissionais seniores podem chegar a uma média de R$ 15.000 e entre US$ 6.000 e US$ 8.000 em vagas internacionais.”
Lucas Mendes
Outra companhia que tem investido no recrutamento, capacitação e no desenvolvimento de jovens talentos é a Transfero, empresa internacional de soluções financeiras baseadas em tecnologia Blockchain. A empresa criou seu programa de trainee, a Transfero Academy, que surgiu com o objetivo de recrutar, capacitar e desenvolver jovens talentos para o mercado de tecnologia e ativos digitais. “O mercado tem falta de profissionais das áreas de tecnologia e, em especial, do setor cripto. Nós queremos formar não apenas desenvolvedores, mas profissionais aptos a serem protagonistas no mercado. A meta é que os participantes se tornem talentos com a capacitação e as competências técnicas necessárias para serem contratados dentro do próprio grupo ou por parceiros do mercado de ativos digitais”, explica Márlyson Silva, Chief Strategy Officer da Transfero.