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Da casa e trabalho aos hospitais: tecnologia promove disrupção no setor de saúde

Startup BeWilk

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A tecnologia não só acelerou a digitalização da saúde, como está provocando uma verdadeira disrupção no setor. Se antes da pandemia o desafio era implementar a telemedicina na prática, agora as startups estão investindo na integração entre serviços médicos a residências, uso de dados para melhorar processos e na forma como os produtos farmacêuticos chegam aos pacientes. 

Tecnologias como a desenvolvida pela startup catarinense Bewiki, por exemplo, conseguem conectar serviços essenciais, como moradia e saúde, a espaços para o trabalho, supermercado e gastronomia e transporte. Tudo funcionando no mesmo empreendimento. Nos condomínios gerenciados pela empresa em Florianópolis (SC) há Health Studios, ou seja, apartamentos completos e decorados, interligados diretamente ao Hospital Dia, às clínicas médicas e diagnósticas no mesmo endereço e no app Bewiki. A startup também vai lançar empreendimentos em Porto Alegre (RS) e Rio de Janeiro (RJ). 

Pelo sistema, os moradores recebem assistência médica e cuidados especiais para monitorar a saúde, além de tecnologias opcionais como o Apple Watch para serem acompanhados de perto pela equipe. Toda a manutenção do espaço pode ser gerenciada no aplicativo. “É um jeito de oferecer assistência direta aos moradores e pacientes mantendo a privacidade e o conforto de se estar em casa”, diz o CEO da empresa de tecnologia, Eduardo Gastaldo.

Tecnologia pioneira melhora jornada do paciente em instituições de saúde

Aumentar a eficiência de processos na área da saúde é um desafio antigo no setor e quem o percebeu como uma oportunidade foi a UpFlux, plataforma líder no Brasil em mineração de processos. Com uma solução pioneira na América Latina, a healthtech ajuda a aumentar a disponibilidade de leitos e reduz o tempo de permanência do paciente no hospital, minerando os processos – método conhecido como process mining. A partir de informações extraídas do sistema da instituição atendida, os processos identificados automaticamente, baseados em dados, são comparados com modelos previamente definidos, para diagnosticar ineficiências e problemas. Respaldado pelo o que acontece na prática, os insights obtidos são transformados em ações de correção de desvios e ineficiências. 

A jornada ponta a ponta do paciente deve ser monitorada para identificar problemas que impactam na segurança desse paciente e causam desperdícios para a instituição de saúde. “Muitas soluções tecnológicas apresentam indicadores que apontam os problemas existentes nos hospitais e clínicas, mas não mostram onde está a raiz desse problema e por que ele ocorre. Sem essa informação, é mais difícil saber onde exatamente está a falha e, o mais importante, como resolvê-la”, explica o Diretor de Tecnologia e cofundador da UpFlux, Cleiton Garcia.

Em 2022, a empresa ajudou instituições hospitalares a reduzirem em até 43% o tempo de permanência em pronto atendimentos, por exemplo. De acordo com Garcia, esse resultado mostra como o cuidado com atividades do dia a dia da gestão podem impactar a experiência do paciente final. “Se uma instituição de saúde, qualquer que seja, apresenta gargalos nas atividades de gestão, é questão de tempo até esses problemas afetarem o paciente final e a própria sustentabilidade financeira da organização. Muitos de nós já tivemos experiências ruins em atendimentos em saúde e isso provavelmente foi consequência de um problema que era um ponto cego da instituição. Hoje em dia, a tecnologia vem para mostrar esses pontos cegos e ajudar rapidamente a resolver problemas que impactam o paciente na ponta”, pontua o Diretor. 

Saúde mental no ambiente corporativo

A pandemia trouxe um cenário de muitas incertezas para o mundo do trabalho, o que acabou refletindo diretamente na ansiedade e estresse dos colaboradores (que já não andavam bem – mesmo antes da Covid-19, o Brasil já era o país mais ansioso do mundo). Com isso, o tema de bem-estar ganhou ainda mais força entre gestores, que precisaram fazer análises multidisciplinares para a compreensão dessa nova estrutura e da sua consequente nova lógica de atuação profissional.

Buscando ajudar os líderes nesse novo cenário, a Pulses, HRtech que tem soluções de clima organizacional, engajamento e performance medidos de forma contínua, criou alguns instrumentos para mensurar e acompanhar a saúde mental dos colaboradores. A Pesquisa de Bem-Estar Emocional, por exemplo, investiga indícios de fatores que podem estar associados à ansiedade e burnout. A partir dos resultados, é possível criar planos de ação para promover melhorias no ambiente organizacional.

O estudo, que foi construído em parceria com a Vittude, está disponível gratuitamente, e ajuda os gestores a investigar melhor as causas da ansiedade e da exaustão emocional na equipe. “Trabalhar o bem-estar é sinônimo de cuidado com a sua equipe. Ao realizar ações a partir das informações obtidas nas pesquisas contínuas, a empresa demonstra que possui um olhar cauteloso e um interesse genuíno pelo seu time. Além disso, sem saúde mental nenhum colaborador tem produtividade ou motivação para trabalhar, e o sucesso de uma organização está diretamente ligado a esses fatores”, comenta Michelly Dellecave, Head de People & Culture da Pulses.

Medicamentos entregues na casa do paciente

A digitalização do setor de saúde e a forma como os medicamentos chegam às pessoas também está mudando. O segmento de farmácias online tem crescido muito nos últimos anos, especialmente após a pandemia. Segundo a Abrafarma, no primeiro trimestre de 2022 cerca de 39% das vendas de medicamentos se deram por meios digitais (e-commerce e delivery). De acordo com o levantamento da Neotrust, em 2021, o faturamento das vendas de medicamentos pela internet aumentaram cerca de 86,9%. 

Com o e-commerce, a estratégia de marketing também mudou. “Hoje a automação de marketing ajuda as farmácias a enviarem lembretes recorrentes a seus clientes de forma individualizada, por exemplo, toda semana ou todo mês, dependendo da necessidade do cliente e do tipo de medicamento. Isso garante mais comodidade e segurança para o cliente, que não precisa se deslocar até uma farmácia quando precisa”, explica Pedro Paranhos, gerente de marketing LATAM da edrone, startup que desenvolve automação em marketing digital especializado em lojas virtuais.

De acordo com o especialista, entre os clientes da edrone no setor de saúde, os e-mails automatizados têm melhores resultados quando comparados às newsletters tradicionais “As campanhas de disparo de e-mails em massa chegam a atingir uma taxa quatro vezes maior de abertura. A conversão também impressiona, chegando a ser 24 vezes maior do que sem a automação. Assim, o faturamento por e-mail de farmácias online pode crescer 25 vezes”, completa. 

Futuro da saúde: programas impulsionam novas soluções 

As startups se reúnem em ecossistemas de inovação para, juntas, buscarem o melhor caminho de desenvolvimento. Programas de investimento, aceleração, ou mesmo capacitação, abrem espaço para negócios com soluções de problemas reais. Um deles é a Jornada de Empreendedorismo, Desenvolvimento e Inovação (JEDI), do Join.Valle que fomenta o empreendedorismo em Joinville.

Formada por alunos do curso de Engenharia Mecânica da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), a Papp Healthtech propõe uma solução para reduzir o tempo de espera para marcação de consultas médicas, evitar o problema de superlotação em emergências hospitalares. É uma plataforma online, na qual são feitos os agendamentos de consultas de forma facilitada, sem filas. A startup participou do JEDI em julho de 2022, se consagrou como uma das equipes vencedoras e recebeu um prêmio de R$ 10 mil para investir no projeto, além de mentorias e espaço coworking para continuar o serviço.

Com o objetivo de gerar produtos de alta performance em segmentos como cosmética e farmacêutica, a Nanobiocell Nanotecnologia também surgiu durante o JEDI, em 2021, e ficou em primeiro lugar no evento. A startup desenvolve insumos industriais à base de celulose bacteriana por meio de um processo limpo e sustentável. Outra empresa de tecnologia que passou pela jornada, a DBM Eletrotech produz diversos tipos de máquinas a partir da eletrofiação, uma técnica que usa fios muito finos, bem menores do que o cabelo humano, para produzir membranas que são transformadas em máquinas e usadas em setores como odontologia e medicina. O produto é desenvolvido também para tratar queimaduras por ter a capacidade de imitar a matriz térmica da pele, permitir a passagem do oxigênio e impedir que as impurezas entrem nas feridas.