Começar um negócio é sempre um desafio, embora o Brasil seja um grande celeiro de ideias e oportunidades. Mesmo com a escala é essencial que as startups cresçam de forma estruturada e organizada, dentro do que a legislação prevê para cada área de atuação. Novos negócios, parcerias, rodadas de investimento podem ser perdidos por falta de organização e pela não inclusão do pilar do Compliance e da análise de Riscos na cultura da empresa. Quando a companhia cresce de forma desordenada e desorganizada, acaba assumindo riscos desnecessários e comprometendo futuros negócios e às vezes até a própria operação.
A área de Compliance é responsável por garantir que tudo o que a organização, os colaboradores e os investidores realizam aconteça conforme as normas e políticas da empresa e do país. O Compliance certifica-se de que o negócio não está cometendo nenhuma infração ou agindo de forma antiética, além de estar cumprindo com o planejamento estratégico desenhado por seu corpo executivo.
Estruturar um setor responsável pela governança é essencial, mas nem por isso menos desafiador. Quando falamos em startups, a necessidade de inovar pode entrar em conflito com a estrutura mais firme das regras e das normas. Por isso, essa base pode ser o que define o sucesso ou fracasso da inovação.
No ecossistema bancário, como é o caso da Transfeera, entramos em um campo altamente regulado e engessado. A sede de inovação se choca com as regras e é preciso entender a regulação para poder inovar e propor soluções que estejam alinhadas com as exigências e regras do mercado — no setor bancário, a regulação é essencial porque permite a movimentação do dinheiro, um ativo importante para as pessoas.
As regras, muitas vezes vistas como obstáculo, servem de suporte para que a disrupção seja implementada de forma sensata e sustentável, garantindo um crescimento estruturado e evitando problemas gerados pela falta de planejamento. Isso torna a startup mais promissora, sustenta o desenvolvimento de um produto bem desenhado e beneficia empreendedores, investidores e consumidores igualmente — além de atrair mais investidores.
É preciso saber equilibrar regras e inovação
Uma startup passa por mudanças, adaptações e lida com novidades todos os dias. Surgem necessidades, tendências aparecem o tempo todo, mas não se pode esquecer da importância de seguir as normas para guiar a operação do negócio. Costumo dizer que o Compliance é o guardião das condutas e sem elas nenhuma empresa consegue se manter saudável, seja qual for seu porte.
Ressalto que o Compliance também é uma alavanca para o crescimento das empresas, isso porque para grandes corporações a governança é uma obrigação, justamente por isso, elas tendem a negociar somente com outras companhias que tenham programas de políticas internas robustos e bem estabelecidos.
Além disso, fundos de investimento ou investidores individuais precisam ter visibilidade da mitigação de riscos para poderem colocar dinheiro na companhia. Investir em uma empresa em que a gestão financeira é falha, representa um risco alto e que dificilmente alguém estaria disposto a correr. Por isso, a implantação de um modelo administrativo baseado nos conceitos da governança corporativa é um grande diferencial na hora de captar recursos para evoluir o negócio.
A governança corporativa e o Compliance andam juntos com o objetivo de manter a ética, a integridade e a saúde do negócio. São eles que estruturam as relações entre o conselho, os sócios, a diretoria, os órgãos de controle e monitoram os objetivos da organização, prezando por um crescimento saudável e com riscos mitigados.
Companhias que querem crescer de maneira sustentável, além de serem criativas e inovadoras, também seguem as melhores práticas do mercado. A ética e a integridade na operação são valores intangíveis que colaboram para a construção de uma marca com sustentabilidade a longo prazo e que cresce de maneira organizada.