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Assessora de artistas negros, Laís Monteiro, recebe prêmio Drª Olga Neme

Assessora de artistas negros, Laís Monteiro, recebe prêmio Drª Olga Neme

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Com uma trajetória inspirada na história de Tereza de Benguela, a jornalista macaense Laís Monteiro, fundadora da Monteiro Assessoria é uma das homenageadas na 1ª edição do Prêmio Drª Olga Neme, do IV Fórum de Igualdade Racial – “Empreendedorismo: Uma Herança Ancestral”, que aconteceu nesta semana em Macaé, no interior do estado do Rio de Janeiro, no Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, o qual também celebra a vida da aguerrida líder quilombola.

São mais de quatro anos de uma jornada dedicada a potencializar carreiras através da comunicação. Para isso, Laís, incansável no combate às desigualdades, precisou ir além, e empreender, criando assim, uma empresa de assessoria de imprensa. Com foco em cultura, diversidade, inclusão e impacto social, que atualmete conta com com 100% dos clientes negros e ou LGBTQIA+. A comunicadora, que coleciona quase 10 anos de jornalismo na bagagem, segue firme quando o assunto é dar voz a quem tanto é calado e marginalizado.

Com uma empresa selada recentemente pela Shell Iniciativa Jovem, programa gratuito com foco na juventude empreendedora, a jornalista destaca o peso que é receber esta homenagem.

“Esse prêmio é um reconhecimento de uma trajetória que é ancestral. É para mim, mas também pela minha avó, Tereza Monteiro, lavadeira, analfabeta, favelada, que criou sozinha cinco filhos. É pelo meu pai, Dejalma, que apesar do pouco estudo sempre me proporcionou condições de ter o que ele não teve. É pela minha mãe, Ana Maria, que se formou no ensino superior aos 60 anos. É um reconhecimento de um legado ancestral, por mim, pelos meus ancestrais e pelos que ainda estão por vir, para que os caminhos sejam mais fáceis, tranquilos e prazerosos”, ressaltou.

Laís, que completou no fim do mês passado 32 anos, atende, atualmente, nomes como Yuri Marçal, Nando Cunha, Roger Cipó, Reinaldo Júnior, Roberta Freitas e Vitória Rodrigues, conquistando cada vez mais espaço e evidenciando ainda vidas negras para além do racismo e da imagem estereotipada e subalternizada.

“Tem uma frase bastante famosa de Angela Davis que diz que ‘quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela’, pois tudo é desestabilizado a partir da base da pirâmide social onde se encontram as mulheres negras”, afirma.

E completou dizendo:

“Mudando a estrutura onde se encontra mulheres negras, a gente consegue caminhar para uma sociedade mais justa e igualitária. “A sociedade precisa enxergar toda potência que mulheres negras tem, em todos os setores da sociedade, seja na produção de conhecimento, na ciência ou no empreendedorismo. A visão do empreendedor ou empresário como homem, branco, é ultrapassada e cafona, apesar das grandes fortunas se concentrarem nas mãos dos mesmos. Atualmente a maioria dos empreendedores são negros, o que a gente precisa é de espaços, visibilidade, dinheiro, financiamento, apoio, pois quando um negócio de uma pessoa negra prospera, toda sociedade ganha, social e economicamente, e a gente avança na igualdade”, conclui.

Com o propósito de dar visibilidade e alavancar os trabalhos de pessoas negras e lgbtqia+, a comunicadora atua ainda visando gerar empoderamento econômico à comunidade e, consequentemente, reduzir os impactos do racismo estrutural.

“A mídia é um dos fatores responsáveis por criar o imaginário social e quanto mais pessoas negras e lgbtqia+ estiverem presentes nos jornais, nas revistas e na TV, mais a gente irá conseguir extinguir os preconceitos”, acredita.

E sobre a importância de representatividade, ela frisou.

“Ser referência para negros é sempre uma responsabilidade enorme, pois ainda denota uma falta de acesso e de espaço que o nosso povo tem. Ao falar sobre referências, o meu convite é para que as pessoas pesquisem, conheçam, contratem, divulguem e fortaleçam mais negócios de mulheres negras, principalmente, macaenses. A gente precisa aprender a valorizar cada vez mais o que é nosso, o que é da nossa cidade, o que é produzido aqui, quem movimenta a cidade, a economia local, olhar para o que é daqui e dar o mesmo valor que dão ao que vem de fora. Nós somos potentes”.