Inovação é oxigênio para uma empresa. Se as organizações tivessem um atestado de óbito, a causa mortis de muitas delas seria insuficiência inovadora. Afinal, nada garante que aquilo que deu certo até hoje terá espaço no mercado amanhã, e a melhor maneira de obter resultados diferentes é fazendo diferente. A questão é: como inovar? Muita gente confunde inovar com criar algo sozinho e totalmente do zero. Quase nunca é assim.
O conceito de inovação aberta, em que uma empresa busca parcerias para inovar, vem chamando cada vez mais a atenção de dirigentes e pesquisadores. A procura pelo termo open innovation no buscador Google Acadêmico aumentou mais de 15 vezes em uma década, desbancando a ideia da inovação fechada, aquela que acontecia exclusivamente dentro das fronteiras da organização.
O norte-americano Scott Anthony divide a história da inovação em quatro eras. Até o início do século 20 reinou o inventor solitário, responsável por feitos notáveis como a lâmpada de Thomas Edison e o 14-Bis de Santos Dumont. A segunda onda ocorreu quando a inovação migrou para dentro das corporações, deixando legados como o nylon desenvolvido pela DuPont. Com a crescente hierarquia das grandes corporações e o surgimento de fundos de investimento dispostos a apostar em boas ideias, as mentes inquietas e inovadoras saíram de dentro das empresas e fundaram suas próprias startups. Surgia a terceira era da inovação e os frutos estão presentes na vida de todos nós: Microsoft, Apple, Google e Facebook.
Hoje, um conjunto de fenômenos está trazendo de volta as corporações para o centro das grandes inovações. Ocorre ao mesmo tempo uma redução nos custos dos processos inovadores (que os torna mais acessíveis), uma mudança na estrutura e gestão das grandes empresas (com menos hierarquia e mais agilidade) e um ajuste no foco da inovação (menos centrada em produtos e serviços e mais em modelos de negócio). É o que Anthony chama de quarta era da inovação.
Em síntese, enumero cinco vantagens para uma grande empresa ao se engajar com startups e promover inovação de verdade:
1. Possibilita um número maior de apostas ou experimentos simultâneos quando comparada com o desenvolvimento interno.
2. Conecta a grande empresa com uma ampla diversidade e quantidade de ideias em gestação nos ecossistemas de inovação.
3. Ordena a relação de risco e de retorno entre a organização e os líderes de cada projeto em desenvolvimento.
4. Acelera e agiliza os processos de tomada de decisão sobre os empreendimentos.
5. Produz diferentes formatos de benefícios para a empresa, como o desenvolvimento de novos negócios, parcerias estratégicas, oportunidades de fusões e aquisições, acesso a novas tecnologias etc.
Tudo isso tem contribuído para aproximar startups e grandes empresas numa relação de parceria onde cada parte entra com seus pontos fortes: as startups aportam agilidade, tomada de risco e competências técnicas específicas, enquanto as grandes empresas investem reputação, capacidade econômica, redes de relacionamento comercial, disposição para inovação aberta e um nível cada vez maior de intraempreendedorismo.