A pandemia de Covid-19 alterou significativamente as dinâmicas sociais e laborais, criando novos desafios e oportunidades para as relações públicas. Por um lado, o trabalho remoto e as medidas de distanciamento social aumentaram a importância da comunicação digital e online, exigindo que as organizações adaptem suas estratégias de relações públicas de acordo com esses novos parâmetros. Por outro lado, esse movimento trouxe à tona as desigualdades na força de trabalho e criou outros problemas, como questões de saúde, de segurança e econômicas, além de ter impulsionado movimentos por justiça social.
Dentro desse mesmo processo, a popularização e a humanização das interações virtuais trouxeram diversos desdobramentos, como a necessidade de adaptabilidade, maior ênfase na gestão da reputação de marca digital e novas oportunidades de engajamento.
Nesse cenário, os profissionais de relações públicas devem estar mais atentos a essas mudanças e mais preparados para abordá-las em seus esforços de comunicação, demonstrando empatia, transparência e capacidade de resposta rápida às necessidades e preocupações do público e da mídia.
Maior confiança na comunicação digital
Com muitas pessoas trabalhando e socializando em casa, há hoje uma maior dependência de plataformas de comunicação virtual, como videoconferências, aplicativos de bate-papo instantâneo e mídias sociais. Isso significa uma audiência maior em todos os canais e plataformas digitais, com o conteúdo digital chegando a pessoas que até pouco tempo atrás não seriam impactadas por esse tipo de conteúdo, incluindo um maior alcance de marcas por segmento.
Com o aumento das interações digitais e um público mais amplo, surgem novas oportunidades para o engajamento virtual. Os profissionais de relações públicas tiveram que encontrar maneiras criativas de interagir com o público virtualmente, por meio de webinars, eventos virtuais e outras atividades através de mensagens online. Entretanto, em um mundo onde todos estão tentando se mostrar online, é preciso muito mais esforço para se destacar.
Isso também significa maior ênfase na gestão de reputação de a marca no digital. Com mais pessoas confiando em fontes online para obter informações e se comunicarem, é crucial que as organizações gerenciem a sua reputação digital e sejam proativas ao lidar com quaisquer percepções negativas ou problemas que possam surgir, de maneira oportuna e eficaz.
A necessidade da adaptabilidade
À medida que os canais e formas de comunicação mudam e evoluem, a necessidade de adaptabilidade torna-se crucial. As estratégias de relações públicas tiveram de ser flexíveis e adaptar-se à evolução da situação, bem como às atitudes e novos comportamentos das audiências no universo digital.
Assim, não só a forma de comunicar-se está mudando, mas também as mensagens e os próprios conteúdos gerados pelas empresas estão sendo rapidamente redefinidos. Podemos observar uma mudança em direção à comunicação movida pela empatia.
Dado o sentimento generalizado de incerteza e estresse, as organizações tiveram que adaptar suas estratégias de comunicação para refletir isso, demonstrando empatia e apoio para seus stakeholders e garantindo que eles sejam vistos como preocupados com as questões que são importantes para seus públicos.
Comunicação de nicho e marketing de influencers
Como resultado dessas mudanças nas estratégias de comunicação, certos tipos de abordagens tornaram-se muito mais populares. O uso de influencers é provavelmente o maior exemplo disso. O cenário recente tem enfatizado a importância do propósito da marca e a necessidade de as organizações impactarem positivamente a sociedade, o que tem levado ao aumento da colaboração entre empresas e influencers em campanhas relacionadas a causas.
Além disso, com influencers muito famosos enfrentando maior escrutínio e competição, houve um movimento de valorização dos micro-influenciadores, que têm mais seguidores de nicho e podem oferecer uma experiência de engajamento mais personalizada e autêntica. No geral, espera-se que o marketing de influencers continue a crescer, tornando-se um componente cada vez mais importante das estratégias de marketing de muitas organizações.
Desafios e perspectivas para o futuro
À medida que o avanço digital forçou as organizações a pensar fora da caixa e encontrar maneiras novas e criativas de se conectar com seu público, novos desafios também estão surgindo, juntamente com a mudança da dinâmica de trabalho e os mercados em evolução. Com tanta desinformação e desconfiança se espalhando online, é mais importante do que nunca que as organizações construam e mantenham a confiança de seus stakeholders por meio de uma comunicação transparente, confiável e autêntica.
Isso também envolve estar explicitamente ciente de questões sociais e políticas, como disparidades de saúde, desigualdade econômica e movimentos de justiça social. As organizações devem abordar essas questões em seus esforços de comunicação para criar um vínculo consistente com seu público.
Outro grande desafio está relacionado ao uso de dados, que nunca foram tão abundantes e disponíveis. Os profissionais de relações públicas precisam fazer uso de dados e análises para entender seu público e medir o impacto de seus esforços de comunicação, a fim de tomar decisões mais informadas, que possam ter o maior potencial de impactar seus alvos.
Quanto ao futuro das relações públicas, podemos esperar uma mudança contínua em direção à comunicação digital, uma maior ênfase na tomada de decisões baseada em dados e uma necessidade crescente de as organizações serem transparentes, éticas e socialmente responsáveis.
À medida que a tecnologia avança, os profissionais de RP precisarão acompanhar as novas ferramentas e plataformas para alcançar seu público de maneira eficaz. Além disso, com o surgimento das mídias sociais, o gerenciamento de crises e de reputação se tornarão cada vez mais importantes para os profissionais de relações públicas. Em geral, o futuro das relações públicas exigirá adaptabilidade e uma compreensão sólida das estratégias de comunicação tradicionais e digitais, sempre com um viés mais humano e empático.