A Alianima, organização sem fins lucrativos de proteção animal, anunciou recentemente o lançamento da 4ª edição do Observatório Suíno. O relatório, com periodicidade anual, tem como objetivo monitorar a evolução das grandes empresas do setor comprometidas publicamente em implementar práticas sustentáveis para o bem-estar animal na suinocultura.
O poder de escolha do consumidor em favor de produtos provenientes de produtores com abordagens sustentáveis é evidente. De acordo com a pesquisa conduzida pela Union + Webster, a preferência por adquirir produtos de empresas comprometidas com práticas sustentáveis é observada em 87% dos brasileiros. Além desse dado, o Brasil se destaca na América Latina no cenário de compras de produtos sustentáveis através do e-commerce, conforme apontado pelo Mercado Livre. Essa demanda reflete a perspectiva renovada do consumidor em relação a outras áreas do consumo e destaca-se como um indicativo do poder transformador dos consumidores conscientes. Esse grupo emergente está direcionando as suas escolhas para marcas que compartilham e incorporam os mesmos valores que eles consideram essenciais.
O Brasil, quarto maior produtor e exportador de carne suína globalmente, continua se destacando. Em 2022, alcançou uma produção de 4,9 milhões de toneladas, representando um aumento de 6% em relação ao ano anterior. Desse total, aproximadamente um quarto foi destinado à exportação para mais de 80 países.
Em relação ao mercado doméstico, o consumo per capita de carne suína atingiu cerca de 18 kg em 2022, registrando um aumento de 7,8% em comparação ao ano anterior, segundo dados fornecidos pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
As práticas de bem-estar animal são cruciais para a suinocultura brasileira, não apenas para aprimorar a qualidade de vida dos animais, mas também para manter a competitividade global do país. Exemplificando tais práticas, destaca-se a proibição do uso de celas na gestação de suínos, seguindo o exemplo de países como Noruega, Nova Zelândia, Suécia, Suíça, Reino Unido e alguns estados dos Estados Unidos.
“Os consumidores estão cada vez mais conscientes e preocupados com os produtos que consomem, buscando transparência em relação ao tratamento concedido aos animais.”
Patrycia Sato, presidente e diretora técnica da Alianima.
Observatório Suíno 2023: O Poder do Consumidor em Ação
No segundo semestre de 2023, o Observatório Suíno contatou 29 empresas, sendo 7 fornecedores e 22 clientes, como restaurantes e varejistas. Comparado ao ano anterior, houve um aumento significativo de 26,1% nas empresas abordadas, refletindo o crescente comprometimento corporativo com práticas sustentáveis.
No grupo de fornecedores, participaram os maiores frigoríficos do Brasil, incluindo Alegra Foods – Castrolanda; Aurora Coop; BRF S.A. (Sadia e Perdigão); Seara (JBS) e Pamplona Alimentos S.A. No entanto, a Frimesa Cooperativa Central e Pif Paf Alimentos S.A. não forneceram suas respostas.
Entre os clientes, destacaram-se empresas como Arcos Dorados (McDonald’s); B.LEM Padaria Portuguesa; Brazil Fast Food Corporation – BFFC (Bob’s); Dídio Pizza; Forno de Minas; GPA (Pão de Açúcar, Extra e Compre Bem); Grupo Carrefour Brasil (Atacadão, Carrefour, Sam’s Club, Nacional, Super BomPreço e TodoDia); Grupo Dia; Hippo Supermercados; Hotel Unique; Marfrig Global Foods S.A, entre outras.
Compromisso com o Fim das Celas de Gestação e Migração para Baias em Grupo
No contexto do fim das celas de gestação, fornecedores apresentaram avanços notáveis, impulsionados por requisitos de organizações animalistas e pela Instrução Normativa nº 113 (IN 113/2020). Quanto aos clientes, observa-se um progresso, mas há uma lacuna no entendimento técnico do tema, especialmente em relação a outros aspectos de bem-estar animal e Saúde Única.
Uso Racional de Antimicrobianos na Criação de Suínos: Uma Mudança Positiva
A suinocultura, conhecida por seu uso intensivo de medicamentos antimicrobianos, vem passando por transformações. Empresas como Arcos Dorados, Dídio Pizza e Marfrig destacam-se ao exigir o fim do uso não terapêutico de antimicrobianos por parte de seus fornecedores. Outras, como B.LEM, Bob’s, Forno de Minas e Hippo Supermercados, manifestaram intenção de abordar esse tema com seus fornecedores.
“A maioria dos fornecedores não utiliza esses medicamentos como promotores de crescimento, e alguns já planejam eliminar o uso profilático e metafilático. Os consumidores conscientes estão impulsionando essa mudança, e é fundamental testar alternativas eficazes para substituir os antimicrobianos”, destaca a médica veterinária Patrycia Sato, encerrando com ênfase no papel ativo do consumidor na promoção de práticas sustentáveis na suinocultura brasileira.