Mulheres na liderança: quem foi a líder anônima por trás de um dos sorvetes mais famosos do mundo

Mulheres na liderança quem foi a líder anônima por trás de um dos sorvetes mais famosos do mundo

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Empreender é uma tarefa árdua e cheia de desafios. Essa missão de prosperar nos negócios se torna ainda mais delicada, na grande maioria das vezes, quando a liderança é ocupada por uma mulher. Preconceitos, políticas públicas e corporativas engessadas, entre outros fatores, ainda atrasam o empreendedorismo feminino em todo o mundo.

De fato, avanços têm sido alcançados, permitindo maior inserção feminina no mercado de trabalho. A deflagração de duas Guerras Mundiais, entre 1914 e 1945, ajudou as mulheres a assumirem seu lugar no mercado. Nos anos 1970, com o início da Terceira Revolução Industrial e a emergência das primeiras tecnologias digitais, elas iniciaram seu êxodo do trabalho dedicado ao lar para os escritórios. Neste período, grandes feitos marcaram a representatividade feminina. Em 1972, Katharine Graham foi a primeira mulher a se tornar CEO e Aretha Franklin, em 1987, foi a primeira a entrar para a Calçada da Fama. Tudo isso não foi em vão.

Voltando décadas atrás, ainda nos anos 60 — quando surgiu, nos Estados Unidos, o movimento feminista contemporâneo, se alastrando para diversos países industrializados — uma mulher, em específico, já começava um grande movimento na área dos negócios: Rose Mattus, criadora do icônico sorvete Häagen-Dazs. De forma praticamente anônima, o extraordinário trabalho desenvolvido por ela transformou a marca em uma das mais desejadas e reconhecidas mundialmente.

No início desta década, nos Estados Unidos, Rose e seu marido, Reuben Mattus, tiveram a ideia de criar uma empresa com sorvetes feitos exclusivamente com ingredientes naturais e puros, sem acréscimo de conservantes ou corantes artificiais, receita mantida até hoje.

Enquanto Reuben se concentrava em fazer o sorvete que inventou, Rose administrava o negócio e era a pioneira em sua estratégia de marketing. Mesmo sem ter graduação para isso, oferecendo o produto em estabelecimentos sofisticados de Manhattan, ela conquistou fidelidade dos clientes e construiu amor pela marca no boca a boca com os consumidores sem gastar nada de publicidade. Com ajuda de sua filha, lideraram o processo de expansão da marca com a abertura de franquias por diversas cidades dos Estados Unidos. Hoje, a marca se faz presente em mais de 100 países.

Rose Mattus faleceu em 2006, aos 90 anos, mas o seu legado de empreendedorismo e empoderamento permanece ativo, incentivando a General Mills, dona da Häagen-Dazs, alcançar no Brasil, em até três anos, proporções iguais de homens e mulheres em cargos executivos, reforçando a luta pela equidade de gênero da companhia.

Especialista em vendas, mestre em marketing e uma verdadeira parceira de negócios de seu marido, Rose mostrava por meio de decisões e atitudes que lugar da mulher é onde ela quiser. Difícil entendermos os porquês, mas ela foi uma heroína não reconhecida, ao contrário de Reuben, amplamente celebrado pela criação da marca. O pioneirismo de Rose como empreendedora, enfim, ganha hoje a dimensão devida, fortalecendo as jornadas de mulheres, assim como ela, empreendedoras, em todo o mundo.