Pesquisar
Close this search box.

Lições para empresas que buscam crescimento no Brasil

Lições para empresas que buscam crescimento no Brasil

Compartilhe este conteúdo:

Em junho, palestrei no South Summit em Madri e pude observar mais de perto o cenário empresarial na Europa e compará-lo com a realidade brasileira. É inevitável notar as diferenças no crescimento e no impacto econômico das empresas de pequeno e médio porte em ambos os continentes. Embora o número de iniciativas seja semelhante, a diferença de faturamento é surpreendente: na Europa, as empresas têm um faturamento médio 10 vezes superior do que no Brasil, mesmo tendo um número médio de empregados equivalente.

Em um país em que 60% das empresas morrem antes de cinco anos por falta de planejamento e capital de risco, segundo dados do IBGE, o desenvolvimento tecnológico como uso de dados, inteligência artificial e machine learning pode ajudar empresas em crescimento a otimizarem a gestão financeira, setor tradicionalmente burocrático no meio empreendedor.

Conversando com empreendedores espanhóis, durante o South Summit, percebi muitas similaridades frente aos desafios enfrentados por aqui. Na Europa, o processo de automatização está mais avançado e a gestão contábil já não é vista como um desafio, pois os contadores têm acesso a softwares que facilitam grande parte do trabalho. Em contrapartida, no Brasil as empresas gastam quase 2.000 horas por ano para resolver as mesmas obrigações.

Além de otimizar o tempo ligado à gestão, os recursos tecnológicos são também uma forma de tornar as tarefas gerenciais de menor impacto ambiental, por digitalizar, o que durante anos foi impresso em papel. Aliás, a sustentabilidade foi a tônica de diversas discussões durante o evento, que tem como meta apoiar a redução de 55% das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.

As pequenas e médias empresas desempenham um papel crucial no emprego e na economia tanto na Europa quanto no Brasil e os temas ligados ao ESG serão cada vez mais tendência não apenas neste setor, mas como na Economia Global, em geral. Embora representem cerca de 99% das empresas no Brasil e na Europa, as a contribuição para o PIB (Produto Interno Bruto) das PMEs é ainda inferior a 30%, enquanto na Europa supera 50%. A discrepância fica evidente quando entendemos que uma empresa de tamanho médio no Brasil é aquela que emprega mais de 50 funcionários e fatura pelo menos R$ 4,8 milhões enquanto na Europa, embora o critério de funcionários seja semelhante, a faixa de faturamento começa em €10 milhões.

Essa diferença de desempenho levanta a questão do que é possível ser feito para impulsionar o crescimento sustentável e a competitividade das empresas no Brasil. Com talento nato para o empreendedorismo, o País conta com um mercado com forte demanda e potencial, mas precisa avançar em pautas como apoiar o setor e reduzir a burocracia na gestão de empresas de todos os tamanhos.

O mercado, ávido pela inovação, tem recebido bem as fintechs, que devem crescer mais de seis vezes em receita entre 2021 e 2030, totalizando US$ 1,5 trilhão, segundo projeção do estudo “Global Fintech 2023: Reimaginando o Futuro das Finanças”, produzido em conjunto pela consultoria Boston Consulting Group (BCG) com o fundo QED Investors. E nesse quesito o Brasil se destaca frente à Europa, como campeão em fintechs. Dados do Report Distrito Fintech Report de 2023, mostram que o Brasil conta com algo em torno de 1,3 mil startups que se enquadram na categoria de finanças, a maior do mercado brasileiro de novas tecnologias.

O Banco Central brasileiro tem favorecido a criação de um ecossistema favorável à inovação, o que deve refletir cada vez mais no desenvolvimento de plataformas e softwares que tragam agilidade na hora de abrir e gerenciar o setor financeiro das empresas no País. Com tamanho potencial para crescer, o mercado brasileiro deve acompanhar o aumento de novas tendências em áreas antes extremamente burocráticas, cenário que somente é possível graças à automatização e ao avanço da IA. O futuro é promissor e os empreendedores têm sede de transformação.

*Gonzalo Parejo é formado em Direito e Administração de Empresas pela UC3M em Madri, Espanha e E-MBA pelo IESE. Empreendedor em série, com mais de 13 anos de experiência em diversos segmentos Insurtech, LogiTech e Fintech, se tornou expert em tirar ideias do papel e escalar times tanto na LatAm como na Europa. Em 2011, mudou- se para o Brasil e se juntou ao time do Groupon no país, startup referência da primeira onde tech no país liderada pela Rocket Internet. Posteriormente, ele também foi parte do founding team da Bidu, uma das primeiras insurtechs do Brasil, e co-fundou a Ontruck, uma das LogTechs mais destacadas da Europa. Atualmente, é CEO e Cofundador da Kamino, plataforma completa de planejamento financeiro, gestão e execução de pagamentos com banking integrado para empresas em crescimento no Brasil e na América Latina.

5/5 - (1 voto)