O ProChile Brasil, instituição do Ministério das Relações Exteriores do Chile que visa promover as relações comerciais entre os dois países, tem atuado fortemente na fomentação da inovação e empreendedorismo por meio de startups chilena ligadas à Fintech, Healthtech, Biotech e Edtech.
Desde 2018, o ProChile definiu a inovação como um de seus focos estratégicos já que essa é ferramenta necessária para promover o desenvolvimento sustentável, sofisticar a oferta nacional, além de gerar capacidade de exportação, prospecção comercial e penetração em novos mercados. A ação é feita junto a diferentes iniciativas que criam pontes entre organizações, sindicatos, entidades governamentais, atores, empresas, entre outros.
Seguindo sua estratégia de ampliar participação no mercado brasileiro, coordenado pelo ProChile, o país andino está em fase de assinatura de convênio com a Biopark, parque tecnológico que reúne educação, pesquisa e negócios da região Oeste do Paraná.
Com infraestrutura completa, as startups chilenas que forem aprovadas no convênio com o Biopark poderão ser instaladas, receber assessoria e mentoria para adequar seus produtos e serviços ao mercado brasileiro, além disso, os empreendedores chilenos vão receber aulas de português, apoio para visto de permanência e três meses de residência na incubadora, tudo sem custo para o beneficiário chileno.
“Queremos tornar o Chile um país mais competitivo, oferecendo aos diversos mercados internacionais uma oferta exportável com produtos e serviços de maior valor agregado e maior grau de diferenciação. Junto ao Biopark, queremos destacar o Brasil como um território de inovação perfeito para startups, seguido de casos de sucesso de empresas chilenas instaladas nele. As nossas conversas com o parque veem acontecendo desde 2020”, conta Hugo Corales, diretor de ProChile.
Corales lembra ainda que muitas dessas empresas têm à frente a presença feminina e que o empreendedorismo feminino é fomentado fortemente pelo Chile.
“Entendemos que as mulheres são um fator chave para o mundo dos negócios. Por essa razão, promovemos o empreendedorismo feminino transversalmente em todos os nossos programas e atividades. Entre os setores mais representados, destacam-se as áreas de Agricultura e Recursos Naturais; Saúde e Biotecnologia; Produtividade e Varejo, Além disso, vale destacar que o Chile lidera o ranking LATAM como o melhor ecossistema empreendedor (Global Entrepreneur Index) e o melhor país da região para criar uma empresa e facilidade para fazer negócios, segundo o Banco Mundial”, conclui.
Atualmente, já existem, aproximadamente, 20 empresas chilenas incubadas na Biopark a saber. Entre os destaques:
· Biosamer: empresa de desenvolvimento de biotecnologia para consumo em massa (produtos à probióticos para as indústrias Alimentar, Farmacêutica, Saúde Humana, Veterinária e Ambiental).
· Ciclo 3D: empresa que fabrica materiais de compostos avançados para impressão 3D, com foco no desenvolvimento constante de novos materiais, tanto para 3D como para outras aplicações.
· Grupo PGA: empresa chilena de desenvolvimento de software customizado e implementação de produtos de informática.
Os investimentos do Chile em inovação por meio de suas startups acontecem também em Belo Horizonte (MG). Um case de sucesso da região é a AltumLab – startup chilena de inteligência artificial que entrou na indústria brasileira de papel no segundo semestre de 2022 por meio da coordenação do ProChile Belo Horizonte.
A AltumLab foi responsável por desenvolver o AIBRUNA, plataforma que usa todo o potencial da Inteligência Artificial por meio do Machine Learning para otimizar processos produtivos de linhas de produção de uma ou mais plantas de acordo com a demanda comercial e suas matérias-primas. Se tratando do consumo de energia elétrica, por exemplo, a tecnologia aplicada permite gerar cenários e otimizar o uso desse recurso. Em alguns casos a economia no consumo de energia chega até 25%.
Por fim, o projeto Start-UP Chile criada pelo governo chileno para impulsionar empreendedores de alto impacto tem em seu portfólio mais de 2 mil startups aceleradas nos segmentos de alimentação, transportes, biotecnologia. Muitas delas têm atuação no mercado brasileiro, como a exemplo da Conershop, startup de compras online de supermercado fundada em 2015, recentemente comprada pela Uber.
Entre países da América Latina, Chile mantém liderança no Índice de Inovação Global 2022
O Chile segue, mais uma vez, liderando a lista entre os países da América Latina no Índice Global de Inovação 2022, segundo relatório da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) que apresentou sua última versão do Índice Global de Inovação 2022, o qual mede as principais tendências em inovação no mundo e lista as economias de acordo com seu desempenho.
O país andino subiu três posições no ranking, passando do 53º lugar em 2021 para o 50º lugar em 2022. O resultado superou sua pontuação de 2019 (51º), permitindo recuperar seu nível no índice, que avalia 132 economias de vários continentes.
Segundo o relatório, o Chile se destacou pela força de suas instituições, obtendo melhores resultados do que outros países da região em termos de qualidade de seus assuntos regulatórios. A edição deste ano também avaliou positivamente a porcentagem de estudantes que completam o ensino médio e entram na universidade.
Além disso, o país teve um bom desempenho na taxa de crescimento da produtividade do trabalho e na criação de novos negócios, o que está relacionado ao aumento do uso do sistema de propriedade intelectual e das aplicações de marcas residentes per capita.
Quanto às oportunidades de melhoria para o Chile que são apontadas nos resultados das medições, há questões relacionadas à diversificação da indústria local, financiamento para startups e sua escalabilidade, bem como a exportação de bens criativos (indústria criativa) e serviços TIC, em relação ao total de remessas.
Brasil
Ainda segundo o relatório da Organização Mundial da Propriedade Intelectual, pela primeira vez, o Brasil (54º) está entre os três primeiros da região, ficando em 2º lugar e deslocando o México (58º), que cai para 3º e perdendo três posições em 2022. A Suíça voltou ao topo do índice e os Estados Unidos ao segundo lugar, como fez em 2020 e 2021.
O Brasil melhorou notavelmente seu desempenho em inovação, especialmente no que diz respeito a produtos criativos, como ativos intangíveis e criatividade online, bem como no depósito de pedidos de marcas e na criação de aplicativos móveis. O México está na vanguarda em indicadores como exportações de produtos criativos e importações e exportações de alta tecnologia.
De acordo com as conclusões do relatório, a pesquisa e desenvolvimento (P&D) e outros investimentos que impulsionam a atividade inovadora em todo o mundo dispararam em 2021, apesar da pandemia da COVID-19, mas enfrentam um futuro incerto a curto prazo devido aos novos desafios que surgiram em todo o mundo.