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Quem tem medo da Inteligência Artificial?

Inteligência artificial

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Dados da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial* indicam que em 2022 houve uma taxa de crescimento global de 18,2% em negócios desta área. Uma pesquisa** com mais de 200 tomadores de decisão de alto escalão em empresas globais de manufatura aponta que 68% listaram a melhoria de agilidade como uma das principais prioridades de negócios nos próximos anos. Na indústria automotiva, por exemplo, estima-se que as fábricas que utilizam Inteligência Artificial em seu funcionamento irão render US$ 160 bilhões em 2023.

As apostas em soluções inovadoras circulam entre tendências como o uso de Gêmeos Digitais, Blockchain, IoT, Inteligência Artificial e Segurança, Computação Quântica, Metaverso, Superapps, Automação Robótica de Processos (RPA), novas soluções de energia e tecnologias sustentáveis. Mas, tratando-se de tecnologia para melhorias no chão de fábrica e todo linguajar complexo que envolve a Indústria 4.0, será que o mercado brasileiro está preparado para este ano novo?

Para Diego Mariano, CEO da BirminD, empresa que realiza otimização industrial com Inteligência Artificial (WEG Group), um linguajar simplificado sobre as ferramentas a serem aplicadas nas fábricas é o grande “pulo do gato” e o diferencial para que mais empresas se preparem para modernizar a sua produção. “Se a gente não simplificar o discurso em torno do uso da Inteligência Artificial e continuar falando o chamado ‘tecniquês’, esta postura irá atrapalhar o desenvolvimento do mercado aqui no país”, explica o engenheiro de controle de automação, de 34 anos, que trabalhou como integrador de sistemas em engenharia de campo, automatizando indústrias do ramo da mineração, petroquímica e química antes de fundar a sua própria empresa e ser um dos pioneiros no uso de IA para o chão de fábrica no Brasil.

“Se a gente não deixar claro para o cliente que ele não precisa se preocupar com o que há por trás do uso de Inteligência Artificial, pois o algoritmo já existe há mais de 40 anos, muitos industriais vão continuar enxergando este tipo de tecnologia como algo ainda inalcançável e complexo. Hoje temos o poder computacional e a facilidade para criar uma experiência de usuário que permite uma democratização da Inteligência Artificial. Basta abrir um software e preencher um formulário. É por isso que qualquer empresário no Brasil, seja ele de pequeno, médio ou grande porte, pode ter um chão de fábrica inteligente, com tecnologia de ponta e sem gastar milhões”, explica Mariano, mostrando que as inovações não são um bicho de sete cabeças.

“Quando você fala ‘Hey Siri’ e diz alguma coisa para o celular, ela usa o processamento de linguagem natural que é Inteligência Artificial, mas você nem percebe. Ele utiliza redes neurais, mas nem sabe o que é isso, porque ele nem precisa saber. O que ele precisa saber é o benefício que aquilo traz para sua produção. Esse é o mesmo conceito que a gente usa para a indústria.”

Diego Mariano

A BirminD nasceu como uma startup em 2015 e logo começou participar de vários programas de aceleração, como o “Startup SP” do Sebrae. Mas foi o programa da SAP, o “Startup Focus”, que desafiou os jovens empreendedores a dar um passo em cima da Inteligência Artificial. A partir daí os engenheiros desenvolveram os próprios algoritmos e uma poderosa biblioteca de machine learning. O software B-Wise, de melhoria de malha de controle, oferecido pela empresa ganhou Inteligência Artificial e foram criados novos módulos que potencializaram a plataforma, como o de detecção de anomalias e o de gêmeos digitais. “Hoje a nossa função é otimizar a fábrica usando a Inteligência Artificial como ferramenta, mas uma ferramenta cada vez mais transparente para o usuário”, explica o Head de Produtos da BirminD Gabriel Martins Dias.

“O mercado industrial brasileiro buscou em 2022 minimizar e diminuir o custo com insumos, além de aumentar a qualidade de sua produção. A BirminD direcionou seus projetos e produtos para atender a este tipo de necessidade, ajudando indústrias de pequeno, médio e grande porte a dar o primeiro passo no processo de digitalização para produzir melhor”, comenta Dias, lembrando que uma grande parte das plantas de fábricas brasileiras não têm internet, mesmo assim o uso de Inteligência Artificial é possível, embarcando os algoritmos em um PC industrial no chão da fábrica. Neste quesito a BirminD é pioneira no Brasil.

A BRF, por exemplo, a maior exportadora de carne de frango do mundo, implantou um processo BirminD e conseguiu diminuir as perdas de carne no processo de desosso de frango em sua linha de produção. Além disso, eliminou retrabalho e aumentou a qualidade do produto que teve uma redução de ossos nos filés de frango com a ajuda da Inteligência Artificial.

Segundo Gabriel, produzir melhor pode ter diferentes perspectivas dependendo da indústria, empresa ou setor e pode significar: reduzir custos, aumentar segurança e qualidade, utilizar melhor os insumos ou poluir cada vez menos o meio ambiente. Agora as indústrias começam a buscar as tendências para 2023, já que existe uma projeção de um cenário com um crescimento menor para o ano. “Com um cenário mais cuidadoso é preciso bastante atenção para continuar produzindo cada vez melhor, mas arriscando menos. Este ano, as empresas que saírem na frente e não tiverem medo do novo, serão aquelas que com medidas concretas para desenvolver sua maturidade em Inteligência Artificial ”, finaliza.