O nome é estranho, mas a ideia é bem fácil de entender. O equity crowdfunding é uma modalidade de investimentos mediada por uma plataforma em que qualquer pessoa pode escolher um negócio inovador e comprar participação societária, podendo vender com ágio lá na frente.
É mais ou menos como opera a Bolsa de Valores no mercado de capitais, porém com algumas diferenças fundamentais. No podcast Café com ADM, Camila Nasser, CEO da Kria — plataforma pioneira em equity crowdfunding no Brasil — explica cada um desses pontos. Confira abaixo e tire todas as suas dúvidas sobre o assunto.
O equity crowdfunding é voltado para pessoas que querem investir em negócios de capital fechado
Abrir a oportunidade para pessoas comuns entrarem com investimentos menores em negócios inovadores e com alto potencial de valorização é a grande sacada do equity crowdfunding. Antes, apenas grandes fundos e magnatas com contatos privilegiados faziam aportes em startups.
Isso abre possibilidades não apenas para quem quer multiplicar seu patrimônio, mas também para empresas que buscam recursos privados, mas não querem se endividar.
É fortemente regulado pela CVM
Em 2014, quando Nasser ajudou a fundar a Kria enquanto procurava estágio, o mercado de equity crowdfunding era incipiente e desregulado. A partir de 2017, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) passou a regular e licenciar as plataformas que queriam mediar as operações.
Recentemente, a Comissão expandiu o teto de empresas que poderiam captar nesse formato. O limite de faturamento foi de R$ 10 milhões por ano para R$ 40 milhões.
E ainda houve outra mudança importante.
Tem alto potencial de retorno, alto risco e baixa liquidez (o que deve mudar)
Qualquer investimento que tenha retornos promissores vem com a mesma medida de risco. Nesse caso, trata-se de investir em empresas que estão eme estágio inicial e podem não ser validadas pelo mercado.
Além disso, até recentemente a liquidez do equity crowdfunding era outro problema. Para reaver o investimento, era necessário esperar uma aquisição ou um IPO para vender a participação. Hoje, com o novo entendimento da CVM, os investidores podem comprar e vender participações entre si com a mediação das plataformas.
Com isso, o equity crowdfunding deve se tornar um investimento mais líquido — ou seja, será mais fácil converter a participação adquirida em dinheiro. E esse é só o começo para esse novo mercado.
Confira abaixo alguns trechos transcritos das falas de Camila Nasser, entrevistada no episódio 299 do Café com ADM.
“Não existe, falando na visão de um gestor, querer que a pessoa seja ‘dona’ sem dar os incentivos para isso. Quando eu falo que entrei como estagiária-dona é porque, na prática, recebi um incentivo de participação societária.” (07:57)
“Uma ideia só vira negócio quando você começa a executar e aprender. E nisso você erra pra caramba! Tem muito acerto, mas tem muito erro também, a gente leva de todos os lados, é uma luta eterna de karatê. Se você não tem um propósito e muita paixão pelo que tá fazendo, nem adianta querer empreender.” (09:34)
“O equity crowdfunding é a ideia de democratização do mercado privado de capitais. Do mesmo jeito que a gente consegue hoje entrar na bolsa e o investidor do varejo pode investir e virar acionista de uma empresa, isso acontece no mercado privado de capitais através do equity crowdfunding.” (10:25)
“A provocação do equity crowdfunding é: por que o investidor comum não pode acessar o venture capital? Por que o investidor comum tem que esperar o nubank abrir o seu capital na bolsa para poder se tornar sócio?” (11:25)
“Há um ponto super interessante, que é o desafio da liquidez no nosso mercado. Hoje, o investidor adere à oferta de recompra porque, quando se investe numa startup, diferente da bolsa, você tem um ativo que é muito mais ilíquido. Para ter o retorno sobre investimento, a empresa tem que passar por uma nova captação, por uma aquisição estratégica ou até IPO. Se não temos esse cenários, o investidor fica com um ativo de alto potencial de valorização, porém ilíquido.” (15:18)
“A CVM recentemente mudou a regulação no mercado para possibilitar que as plataformas ajudem os investidores a fazerem compra e venda das participações depois das ofertas primárias. Então os investidores podem adquirir uns dos outros participações societárias nas empresas independente de eventos externos de liquidez.” (16:34)
SOBRE O CAFÉ COM ADM
O podcast Café com ADM é uma iniciativa do Administradores.com. Apresentado por Leandro Vieira, CEO do grupo, o Café com ADM é um programa semanal de entrevistas com grandes personalidades do mundo dos negócios. Pelo podcast já passaram nomes como Mario Sergio Cortella, Luiza Helena Trajano, Washington Olivetto, Bernardinho, Thiago Nigro e centenas de outros que deixaram importantes insights de carreira, marketing, negócios, gestão, tecnologia e tendências.