* Luciana Girard
Há mais de dez anos, a Suíça ocupa o primeiro lugar no Índice de Inovação Global publicado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual. Mesmo lá, os recursos para pesquisa e desenvolvimento de produtos de ponta estavam concentrados em multinacionais como Nestlé, Novartis, Roche, ABB, Givaudan ou Swatch – e em empresas de médio porte que conseguiram ocupar importantes nichos de mercado em escala global. Mas será que precisa ser assim?
Nos últimos anos, a inovação começou a crescer no setor primário, com pequenas empresas inovadoras e com alto potencial de crescimento. Cada vez mais jovens empreendedores seguem este caminho para desenvolver e comercializar suas descobertas. Hoje, são criadas cerca de 300 startups a cada ano, em comparação com apenas algumas dezenas na primeira década deste milênio. O montante de capital investido aumentou quase dez vezes na última década e bateu na marca de quatro bilhões de francos suíços em 2023.
Mas apesar do sucesso, as startups suíças ainda recebem pouco apoio dos políticos e sociedade. Uma razão é a aversão ao risco, um sentimento ainda marcante na Suíça. “Na Suíça, fundar uma startup não é bem-visto socialmente.”
Já no Brasil, a percepção é outra. As startups ocupam um lugar de destaque na promoção de inovações e impulsionamento de negócios. Tanto que o Governo Federal, por meio do Programa Brasil Mais Produtivo, deve investir R$ 200 milhões até 2027 para a transformação digital, melhoria de gestão e otimização de processos de PMEs. A ideia é tornar a cadeia econômica das micro e pequenas empresas mais produtiva e competitiva.
Não há dúvidas sobre o papel transformador das startups. Elas contribuem para a regeneração dos setores tradicionais, oferecendo-lhes saídas para novos mercados, por exemplo, na atuação em áreas como a biotecnologia, medtech ou cleantech. Na Suíça, as empresas de microtecnologia estão revolucionando a indústria relojoeira tradicional e as fintechs ousam impactar fortemente o centenário setor bancário.
Mas é um verdadeiro desafio fundar uma startup. No entanto, os problemas são distintos. Para isso, é preciso saber avaliar riscos e ter empreendedorismo no “sangue”, pois muitos projetos fracassam ao longo do caminho. Um ponto que para os brasileiros não chega a ser um fator paralisador, mas para os suíços, sim. Culturalmente, a comunidade suíça não está preparada para o fracasso. Outro ponto interessante é que o lançamento de uma startup suíça é, na maioria, de domínio masculino. Os estereótipos ainda são fortes e as mulheres sofrem mais para conquistar a confiança dos investidores.
Em contrapartida, a reputação das brasileiras é melhor. Empresas fundadas por mulheres tendem a ter um desempenho financeiro superior, gerando mais retornos para os investidores. Apesar disso, apenas 12% dessas empresas tem mulheres na liderança como CEOs ou presidentes, segundo estudo da aceleradora Darwin Startups, que consultou 100 startups.
Outro ponto que difere no setor entre Suíça e Brasil é que o surgimento desse tipo de empresa é centralizado. Mais da metade delas surgem nas regiões de Zurique e do Lago de Genebra, onde a presença das Escolas Politécnicas Federais em Lausanne e em Zurique, desempenham um papel fundamental na pesquisa e desenvolvimento de aplicações científicas e tecnológicas.
No Brasil, o cenário mostra-se promissor, conforme levantamentos do Report das Startups de Impacto 2024, divulgado pelo Sebrae Startups. Os números mostram que a região Norte e Nordeste detém 36% as startups de impacto (aquelas que geram impactos socioambientais e criam negócios escaláveis); sendo 36,7% em fase de tração, ou seja, consistentes e maduras; 41% foram fundadas por mulheres e 79% oferecem soluções na área de meio ambiente e sustentabilidade.
Com essa leitura do desenvolvimento de empreendimentos de médio e pequeno porte, na Suíça e Brasil, investem em setores de inovação um pouco diferentes, mas que, aliadas, podem resultar numa conversão interessante: tecnologia e sustentabilidade socioambiental, um clamor mundial nesse século. Entretanto, o desafio em comum é, sem dúvida, superar a dificuldade do acesso ao financiamento e capital.
Sobre o Realize Business: O método criado na Alemanha, tem o desafio de solucionar uma dor do empreendedor brasileiro no exterior: saber vender o seu produto ou serviço. O treinamento de vendas, desenvolvido pelas consultoras financeiras Marcia Belmiro, de processos Luciana Girard e de comunicação e vendas Juliana Albanez, circula a Europa e vem contribuindo para escalar os negócios na Alemanha, Suíça, Inglaterra e Portugal. A metodologia prática proporciona uma aplicação imediata e ganhos em escala, com segurança e controle